18 de set. de 2010

Pinheiro, MA, não tem rede de esgoto nem aterro sanitário


A equipe do JN no Ar já percorreu 40 mil quilômetros pelo Brasil e chegou ao município maranhense de Pinheiro.

Veja a matéria completa do Jornal Nacional aqui


Maranhão: 6,4 milhões habitantes. As praias e os Lençóis Maranhenses são o destino de quase um milhão de turistas por ano.

“Tem bumba meu boi, quadrilhas, tudo o que o maranhense pode aproveitar e outras pessoas que vêm nos visitar”, contou uma moradora.

O principal setor da economia é o de serviços, com destaque para o comércio. A renda média mensal é a terceira menor do país: R$ 594.

Cerca de 90% dos moradores não têm acesso à rede de esgoto em casa e quase 43% não têm água encanada.

O estado tem a terceira mais alta taxa de mortalidade infantil do Brasil e a quarta maior proporção de analfabetos. O Maranhão tem 4,3 milhões eleitores.

O repórter Ernesto Paglia falou, ao vivo, do aeroporto de São Luís do Maranhão, com o apoio técnico da TV Mirante.

A cidade de Pinheiro fica a pouco menos de 90 quilômetros de distância da capital e quem faz o trajeto por terra tem que cruzar de balsa até lá e isso demora mais de três horas. A equipe fez o trajeto em pouco mais de meia hora para conhecer a realidade, muitas vezes difícil, dos quase 80 mil habitantes da cidade de Pinheiro.

O jato ficou em São Luís. A equipe foi de turbo-hélice para Pinheiro. Cruzaram os belos campos alagados, uma espécie de pantanal maranhense. Logo viram os búfalos que são motivo de polêmica.

O Ministério Público Estadual exige na Justiça que os criadores cerquem o gado, trazido da África na década de 60. Pesados, capazes de comer quase tudo que encontram, os búfalos são acusados de prejudicar o meio ambiente.

Na cidade, o estádio mais antigo do Maranhão é cenário de um campeonato amador vibrante: 36 times disputam a liga pinheirense. Vários craques viraram profissionais.
“O futebol aqui no nosso município vem contrapor a questão das drogas”, disse o presidente da Liga de Futebol, Filemon Guterres.

Nas ruas, muita gente se aproximou para levar queixas. As disputas políticas parecem impedir o progresso de Pinheiro. “Está feia a situação dos pobres, eles estão sofrendo, sendo todos humilhados. O dinheiro da verba vem pra cá e eles guardam tudo. Educação, saúde, nós não temos”, se queixou a professora Concita Marques.

Pinheiro não tem esgoto. Há fossas nas calçadas, diante das casas. Os respiros vazam direto para a sarjeta e tudo escorre para a Vala do Gabião.

Pinheiro é um polo de comércio para 20 municípios para a Baixada Maranhense. A feira tem de tudo, mas os consumidores dividem espaço com os urubus.

Cinco anos atrás, começaram a construir uma área de lazer que ficou inacabada.

Em junho, um caso de pedofilia causou espanto no país. Um lavrador teve oito filhos com as próprias filhas. A prisão dele deflagrou uma onda de denúncias. Hoje, há outros 17 acusados de pedofilia na delegacia regional.

“Mesmo com a nossa estrutura, mas nós temos boa vontade e, com apoio da sociedade, nós vamos sim, pelo menos minimizar. O importante é denunciar”, declarou a delegada Laura Amélia Barbosa.

O padre Luigi Risso saiu da Itália há 50 anos, direto para Pinheiro. Construiu estradas, clínicas, poços e, principalmente, escolas.

Hoje, 1,7 mil crianças entre 2 e 6 anos frequentam creches mantidas pelo padre, pagando R$ 20 por mês.

Não há ajuda oficial. As escolas são mantidas por doações, principalmente do exterior.
“Educação é importante porque é tudo. O povo educado não pode ser dominado”, destacou ele.

Sem aterro sanitário, Pinheiro despeja tudo no lixão, na periferia da cidade. O esgoto sem tratamento polui o lindo Rio Pericumã e as lagoas dos campos vizinhos.
“Essa sujeira vem toda para cá. A Vala do Gabião desce toda para esse canto. Como isso pode ser uma água limpa”, questiona Maria Santa.

Dona Maria Santa tem restaurante de peixe na beira do rio. A especialidade é a piaba, o lambari do Sul, e o delicioso ensopado de bagre. Tudo com a famosa farinha de mandioca de Pinheiro. O restaurante tem 30 anos. Dona Maria teme pelo futuro do rio e do próprio negócio.

“Prejudica a comida, com certeza. Muda o sabor. Acho que vai melhorar. Tem que melhorar”, deseja ela.

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