Repercute como uma verdadeira bomba atômica a entrevista que o senador Jarbas Vasconcelos concedeu à revista Veja, desta semana. Ele disse que o PMDB que Sarney lidera é corrupto. O senador Renan Calheiros foi escalado para preparar a estratégia do contra-ataque. Descartou de pronto a idéia de abrir um processo para expulsar Jarbas do PMDB. Ele sairia como herói aos olhos do distinto público, que tem os políticos na mais baixa conta. Reproduzo repercução da entrevista na Folha de hoje:
""Mas a quem caberia responder a Jarbas? A Michel Temer, presidente do partido e da Câmara dos Deputados? Jarbas não o mencionou. Concentrou suas críticas no PMDB do Senado. José Sarney (AP), um dos seus alvos, está arrasado. Talvez escale a filha Roseana para responder a Jarbas. A resposta oficial do PMDB deve se limitar a uma sugestão para que Jarbas pegue seu mandato e vá embora.
Fundador do antigo MDB, duas vezes prefeito do Recife e duas governador de Pernambuco, Jarbas disse à Veja o que um político jamais teve coragem de dizer sobre seu próprio partido. “Hoje, o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais (...) sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos”, espicaçou.
E por que o PMDB quer cargos? - perguntou-lhe o repórter Otávio Cabral. “Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção”.
A eleição de Sarney para presidente do Senado foi definida por Jarbas como “um completo retrocesso”, fruto de uma ação constrangedora. O que esperar depois disso? “Sarney vai transformar o Senado em um grande Maranhão”, aposta Jarbas. Que bateu também no Senado e em outras figuras carimbadas do PMDB como o senador Renan Calheiros (AL), futuro líder do partido.
Sobre o Senado: “Às vezes eu me pergunto o que vim fazer aqui. O nível dos debates é inversamente proporcional à preocupação com benesses. É frustrante”. Sobre Renan: “Ele não tem nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais para liderar qualquer partido. É o maior beneficiário desse quadro político de mediocridade em que os escândalos não incomodam mais e acabam se incorporando à paisagem”.
É claro que sobrou também para o governo e Lula. “Um governo que deixou a ética de lado, que não fez as reformas nem fez nada pela infraestrutura, agora tem como bandeira o PAC, que é um amontoado de projetos velhos reunidos em um pacote eleitoreiro”, atirou. Quanto a Lula, “ele fez a opção clara pelo assistencialismo. O Bolsa-Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo.”
A entrevista de Jarbas deve ser analisada à luz da situação que ele vive no Senado, e da eleição presidencial de 2010. Jarbas está isolado dentro da bancada de 20 senadores do PMDB. Ninguém o escuta. Nem mesmo Pedro Simon (RS), que outrora foi capaz de reagir indignado diante de imoralidades. Simon jogou a toalha. Acomodou-se. É apenas uma fotografia na parede.
Enquanto de cima do muro a maioria dos senadores do PMDB observa a evolução dos aspirantes à vaga de Lula, Jarbas apóia desde já um deles - José Serra (PSDB). O que ele disse à VEJA repete há mais de um ano dentro e fora do Congresso. Foi um desabafo. Mas houve cálculo político por trás dele. Serra gostaria de ter Jarbas como seu vice. Se Jarbas puder sair do PMDB sem perder o mandato... Olha aí: formou."
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