12 de nov. de 2007

Hoje é dia de Augusto dos Anjos

Mesmo se situando como um poeta do pré-modernismo, Augusto dos Anjos difere e muito de outros poetas de seu tempo. Com uma obra cujas características não se situam propriamente em nenhuma escola literária, sua poesia cultiva desde as formas e estruturas ao gosto do parnasianismo até as imagens e tendências do simbolismo, além de outras correntes literárias e filosóficas presentes no final do século XIX e início do século XX. O poeta possui toda uma linguagem e um estilo personalizado, que a princípio choca o leitor. Nele está presente o que há de mais nojento, podre, e pessimista, com poemas que cantam desde a decomposição da matéria até a visão filosófica e ao mesmo tempo trágica da . Esta é vista como se fosse um nada, uma passagem cheia de dor, ressentimento e podridão que conduz a um único destino: a morte e a companhia dos vermes. Sentimentos como o amor, por exemplo, é tratado como um instinto, ou às vezes como uma espécie de veneno que corrompe a alma.
Seus poemas possuem toda uma gama de palavras de cunho científico, refletindo as leituras que Augusto dos Anjos fez das principais obras de Haekel e Darwin. As imagens distorcidas e fortes levam sempre a uma profunda reflexão em torno do encontro entre o poeta e o destino, numa ótica totalmente pessimista. Não é à toa que o seu único livro (ampliado posteriormente) recebe o nome de "Eu": o uso da primeira pessoa reafirma sempre a busca do poeta pelos mistérios que regem o universo, presente em toda as coisas, desde as infinitamente grandes até as infinitamente pequenas.

Nenhum comentário: