Em meados da década de 1960 Che Guevara foi questionado sobre como estava sua relação com Fidel Castro: “com Fidel, nem casamento, nem divórcio”, disse o argentino, que aquela altura começava a perceber os primeiros sinais de sovietização da revolução cubana, ao passo que se encantava com as notícias que chegavam sobre experiência chinesa. Talvez a frase de Che seja a mais adequada para definir minha atual relação com o filosofo e psicanalista esloveno Slavoj Zizek.
Casado
com Marx, de caso com Lacan e apaixonado por Hegel, Zizek há algum
tempo está na moda. Diferentemente do habitual para um filosofo,
quanto mais um marxista, seu nome é visto com mais frequência nos
grandes meios de comunicação do que na academia. O professor do Instituto de Sociologia e Filosofia da Universidade da Liubliana tornou-se
uma espécie de rock star rebelde que encanta multidões de jovens
outrora desinteressados pelos ideais revolucionários dos velhos
comunistas. Por outro lado desperta a ira, o desprezo e talvez a
inveja de muitos colegas que o acusam de repetitivo e totalitário,
entre outras coisas.
De
certo, Zizek,
dono
de uma produção acadêmica considerável em se tratando
de
quantidade, é extremamente repetitivo em seus temas e metáforas.
Seu profundo apego a uma visão de modernidade tradicional, que para
muitos já se transformou e para outros nem existe mais, também é
fortemente questionável. No entanto seus críticos realmente acertam
em cheio quando apontam a total ausência de uma mínima descrição
em sua teoria de algum sujeito revolucionário.
Zizek também é um personagem, cuja a característica principal é ser um polemista, o que incomoda alguns, encanta a outros e atrai muitos holofotes. De comportamento grotesco, aparência desleixada e hábitos obsessivos, o filosofo gosta mostrar ao mundo que tem um quadro de Stalin na pendurado na entrada de casa e proferir frases como “Gandhi era mais violento do que Hitler”. Na vida acadêmica também gosta de alimentar polêmicas: Antonio Negri, Judith Butler e Ernesto Laclau são suas vitimas prediletas de ataques em longos e interessantes debates.
Zizek também é um personagem, cuja a característica principal é ser um polemista, o que incomoda alguns, encanta a outros e atrai muitos holofotes. De comportamento grotesco, aparência desleixada e hábitos obsessivos, o filosofo gosta mostrar ao mundo que tem um quadro de Stalin na pendurado na entrada de casa e proferir frases como “Gandhi era mais violento do que Hitler”. Na vida acadêmica também gosta de alimentar polêmicas: Antonio Negri, Judith Butler e Ernesto Laclau são suas vitimas prediletas de ataques em longos e interessantes debates.
Por falar em teoria, não são muito profundos ou originais os temas abordados pelo filosofo, mesmo assim são de grande importância para a esquerda. Em tempos de consenso liberal, Zizek gasta boa parte da sua obra denunciando a farsa do liberalismo político, que jamais cumpriu o que prometeu. Outro tema que permeia suas análises é a crítica voltada às lutas culturais que abandonam a luta anti sistêmica. Frente a isso ele nos convida a repetir Lenin, acreditar que é possível derrotar o capitalismo – Sistema esse que, segundo Zizek, já está morto; bastaria todos se darem conta disso – ter a ousadia de tentar construir o comunismo.
Gênio, louco, fascista ou uma farsa, cada um tem uma opinião sobre Zizek. Enquanto isso, seus livros vendem que nem água, sua conta bancária cresce e até personagem de filme ele já virou. Ao mesmo tempo ele não foge da militância: na Grécia esteve durante as eleições para apoiar firmemente o Syriza (coalização de esquerda que é a principal oposição ao governo e a troika) e em Wall Street leu uma carta de solidariedade e incentivo ao movimento de ocupação que lá estava em 2011. Certa vez um entrevistador pediu para que Zizek contasse um segredo e sem titubear ele cochichou: “o comunismo vencerá”.
Dicas
Leia "Às portas da revolução - Escrito de Lenin de 1917".
Não leia "Como ler Lacan".
Assista "Zizek!" online e com legendas em português clicando aqui.
Por Rafael Broz, no Blogue Cachaça Crítica, aqui!
Enviado por Eri Santos Castro.
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