BRASÍLIA — A nova conjuntura, pós manifestações de rua e cobranças dos jovens por uma maneira diferente de fazer política, deram ao candidato à presidência nacional do PT pelo bloco Mensagem, deputado Paulo Teixeira (SP), e a seus apoiadores um novo fôlego na disputa. Paulo Teixeira reuniu cerca de 500 militantes em Brasília, na última quinta (4), entre eles o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo e do Desenvolvimento Agrário Pepe Vargas, os senadores Suplicy, Deocídio Amaral, Jorge Viana, a ex-governadora do Pará Ana Júlia,   a ex-prefeita de Fortaleza Eliziane Lins, centenas de deputados federais, estaduais, prefeitos, vereadores, intelectuais, dirigentes sindicais, da juventude, igrejas, direitos humanos...
— Somos a segunda força do PT e há hoje uma conjuntura que muito nos favorece. O povo está nas ruas reivindicando melhoria dos serviços públicos, mais democracia e o valores republicanos na política. São temas que nós, da Mensagem, temos discutido ao longo dos sete anos, desde 2005, quando criamos a tendência depois da crise (do mensalão) — disse Teixeira, acrescentando:
— Temos que debater como superar a atual crise. O PT foi pego de surpresa e a militância estará atenta. A crise chacoalhou a militância, um monte de filho de petista estava nas manifestações. Mudou a conjuntura interna do PT e é difícil você dizer quem está com mais chances. Vamos disputar para ganhar.
Paulo Teixeira afirma que o PT precisa fazer uma autocrítica, verificar onde estão os problemas e construir soluções, "resgatando debates internos, a produção política e a direção coletiva". Para ele, o que diferencia seu grupo do grupo do atual presidente nacional da legenda e candidato à reeleição, Rui Falcão, é a "intensidade" como defenderão as mudanças na forma de agir do partido na relação a valores progressistas, com movimentos sociais e partidos aliados mais à esquerda.
— O PT se distanciou das bases, se debruçou na tarefa de governar, fez muitas concessões para governar e deixou de se distinguir. Se afastou dos movimentos sociais, não está entendendo a nova sociedade e os novos movimentos que surgiram dela, com outra postura política. Temos jogado muita energia nas campanhas e pouca na formação política. O PT tem que fazer uma autocrítica sobre isso e ter um nível mais qualificado nas alianças com os partidos mais à esquerda — PDT, PSB e PCdoB. O PT tem que melhorar a relação, o diálogo com o nosso governo. E recuperar a dimensão de valores libertários, progressistas. No embate entre ruralistas e indígenas, um tema caro à nossa militância, o conflito foi arbitrado com desequilíbrio em favor de um setor que sempre foi contra a gente — argumentou o candidato da Mensagem.
Indagado sobre a aliança com o PMDB, Teixeira disse que defende a reedição da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer (PMDB) e acredita que os atuais problemas de popularidade que ela enfrenta, segundo pesquisa divulgada recentemente são circunstanciais e serão superados.
— As críticas são pelo mérito dela, pelo que fez. É um bom governo e ela conseguirá recuperar, a perda (da popularidade) é circunstancial. O eleitor não saiu dela.
Teixeira afirma que a Mensagem tem, em primeiro lugar, que defender conquistas importantes do governo Dilma Rousseff que estão sob ataque desde dezembro do ano passado. Segundo ele, os ataques vieram depois que a presidente baixou os juros, a tarifa de energia e criou a Comissão da Verdade, com discursos de volta da inflação, falta de energia no país. Outro ponto que ele defende é o que chama de "segunda geração de revolução democrática", com mais avanços que permitam maior distribuição de renda.
Para ele, a presidente acertou ao propor o plebiscito e a polêmica em torno do prazo exíguo para a aprovação das novas regras para valer em 2014 é falsa.
— O tempo não é um bom argumento, uma demonstração de democracia elitista, que não quer consultar o povo. Vamos suspender o recesso, discutir intensamento. O Parlamento se negar à consulta popular é bater de frente com a população que quer a consulta. Dilma propôs primeiro a constituinte e agora o plebiscito. Se não sair, porque o Congresso não fez, não é problema dela — disse Teixeira.
Sobre os deputados do PT condenados no julgamento do mensalão, Teixeira é cauteloso. Para ele, houve excesso de politização no debate e os deputados têm o direito a recursos.
— O PT tem que virar essa página da sua história, mas teremos que aguardar o julgamento que não terminou.
Os deputados da Mensagem estão otimistas com a candidatura dele.
— O Paulinho é muito próximo dos jovens, está mais próximo dessas manifestações. Nossas chances são grande — acredita o deputado Alessandro Molon (RJ), que também integra a Mensagem.
Saiu em O Globo.
Enviado por Eri Santos Castro.
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