Recordações de Bernardo Sayão, o último bandeirante,
que se transformou num on the road pós-moderno
No meio da estrada em construção, o homem olha para cima. Botas, calça de algodão cáqui, relógio no pulso esquerdo, cinto de couro, camisa branca, algo no bolso: um lenço, uma caderneta ou a caixa dos óculos ray-ban. Ele aponta para o alto. Esse homem que pisa firme o chão morrerá derrubado por uma árvore. Não essa instável, talvez oscilante, que aparece na foto - uma outra. A cena em preto e branco, flagrante marcado em tom épico, era apenas a antessala do fim. A foto está emoldurada na sala da minha memória, o neto que observa sem entender.
Ele não era descomunalmente alto (tinha 1,84 metro), mas a figura desempenada, o tórax largo e o gosto pelos empreendimentos grandiosos que irradiava de seu simpático rosto quadrado e olhos perspicazes davam-lhe um ar de gigante.
Bernado Sayão faleceu em Açailândia, vítima de acidente
Em 15 de janeiro de 1959, aos 57 anos de idade, Sayão morreu em um trecho maranhense da Belém-Brasília, no município de Açailândia, poucos dias e quilômetros antes de as duas frentes de trabalho se encontrarem. Morreu sem ver o sonho da Transbrasiliana rea-lizado. Na capital ainda a ser inaugu-rada, minha avó não permitiu que o caixão fosse aberto. Temia a dilaceração do corpo. Queria para si a imagem da virilidade.(...)
Por Sérgio de Sá, na revista'Piaui'.
Enviado por Eri Santos Castro
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