“Médico
de corpos, médico de gente, Jackson Lago cometeu o erro de também querer sarar
a sociedade de suas feridas. Feridas profundas, como o analfabetismo, o
desemprego, a corrupção e a pobreza absoluta”.
“Não
entendeu que a sociedade não quer ser curada, que talvez a sociedade goste de
sua dor, que se alimente para sobreviver dessas crianças enveredando pelo
caminho do crime, dessa juventude que se desmancha sem que muito possamos fazer
para salva-la”.
São
trechos de um artigo que publiquei quando da passagem da morte do governador
Jackson Lago. No mesmo artigo perguntava: Quem sabe, Senhor Governador, a
sociedade não tenha cura? Talvez apenas para lamentar a sensação de inutilidade
de todos aqueles anos de luta contra a virulência do poder constituído.
Na
quinta-feira, a doutora Clay Lago recebeu na Igreja da Sé e no Grand Hotel São
Luís todos nós que, de uma forma ou de outra, concordando com suas posições
políticas ou não, amamos Jackson Lago, como ser humano e como herói da
Resistência. Estava sendo lançado o primeiro número da Revista do Instituto
Jackson Lago, cujo editor é o competente e impaciente jornalista e escritor
Manoel dos Santos Neto. E não se duvide que com esse editor a revista possa
reescrever a história do jornalismo político do Maranhão.
Cultue-se,
pois, a memória política desse homem que nem quando visivelmente abatido da dor
causada pelos males físicos que o atingiam deixou a frente de batalha e se
negou a lutar pela liberdade. Não se canse jamais de repetir em nome de tudo
que Jackson Lago representa para o Maranhão: “Hay hombres que luchan um dia/ y
son buenos/ hay otros que luchan um año/ y son muy buenos/ Hay quienes luchan
muchos años/ y son muy buenos/ Pero hay los que luchan toda la vida/ eso son
los imprescindibles”... (Bertold Brecht)
Por JM
Cunha Santos.
Enviado por Eri Santos Castro.
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