Na noite do 16 de abril, quando começou a
última sessão do julgamento, ou na madrugada do dia 17, quando este terminou
(e, com este, o sonho da maioria do povo maranhense!), a cassação do mandato do
governador Jackson Lago pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por abuso de
poder político e econômico, estava decretada.
Ainda em dezembro de 2006, a coligação da
candidata derrotada, a então senadora Roseana Sarney Murad, entrara com um
recurso contra expedição de diploma (RCED), a ser julgado no TSE. Assim, a
batalha judicial se daria na instância superior e, consequentemente, com economia de tempo processual, ao livrar-se
da instância primária, além de todas as supostas vantagens que o “oligarca-mor”
pudesse pleitear no planalto brasiliense.
Não custa lembrar que desde 1965, com a
eleição de José Sarney – candidato da Ditadura Militar -, o Maranhão sempre
elegeu, indiretamente ou diretamente, governadores do grupo político do senador
ou apoiados pelo mesmo. Porém, há de se fazer duas ressalvas: a eleição de 1994, a primeira
eleição de Roseana Sarney Murad que carrega forte suspeita de fraude eleitoral; e a de 2002, a
qual, com a participação de manobras jurídicas adversárias no TRE e no TSE, o
candidato Jackson Lago teve frustrada a sua ida para o segundo turno contra o então
candidato da oligarquia José Reinaldo Tavares.
Após discursar no pátio interno do
Palácio, o governador reuniu-se com vários deputados estaduais, inclusive o
então presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Tavares. O governador
esperava uma atitude de coragem política dos mesmos, principalmente deste.
Queria, conforme discutido anteriormente, que o presidente assumisse o governo
e, com este ato, não houvesse a passagem direta do cargo para a candidata
derrotada. Era uma estratégia para se ganhar tempo, para que os advogados de
defesa pudessem entrar com ações judiciais no Supremo Tribunal Federal (STF)
questionando a decisão do TSE, que determinara a cassação do governador e a imediata
tomada de posse da candidata derrotada, mesmo sem a publicação do Acordão.
Apesar de todas as peculiaridades e
diferenças entre os processos eleitorais e penais, imaginemos se esta decisão tivesse sido dada
para os “petistas mensaleiros” antes da publicação do Acordão!
Infelizmente, restou ao governador
cumprir com o seu último dever: o de chamar a atenção do país permanecendo no
Palácio de Governo, como forma de protesto à decisão de um julgamento marcado
por um viés político na mais alta corte eleitoral de nossa República.
Leio e ouço, de vez em quando, aqui e
ali, que o governador Jackson fora cassado por supostos erros e/ou méritos.
Para mim, nada disso foi determinante. Ele foi cassado porque representava uma
ameaça à sustentação política do establisment vigente no país - o pior de toda
a nossa história recente.
Por Igor Lago.
Enviado por Eri Santos Castro.
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