Acabo de ler e resenhar o livro “A Vingança de Gaia”, do cientista britânico James Lovelock. O que mais me impressionou não foi nem a visão apocalíptica sobre o aquecimento global que Lovelock conjurou, mas as várias aproximações intrigantes que ele fez entre sua concepção de Gaia como a Terra viva (um superorganismo que mantém o nosso planeta amigável a todas as formas de vida) e a crença religiosa. Ele nunca diz isso com todas as letras, mas chega muito perto de sugerir a adoração de Gaia como uma deusa de verdade como forma de enfrentar a terrível crise ambiental que vivemos.
Céticos de plantão, fiquem à vontade se quiserem me mandar praquele lugar (já posso ouvir gente dizendo “como é que deixam esse cara escrever?”). Mas, como católico, criado “aos pés de Nossa Senhora”, como se dizia antigamente, pra mim está mais do que claro a força que a imagem de uma Mãe Santa pode ter - independentemente do nome que usamos para designá-la.
A questão é a seguinte: a enormidade dos problemas globais é tamanha que talvez só o senso inato de sagrado das pessoas seja capaz de galvanizá-las para fazer alguma coisa. Deixou de ser um problema de números e contas faz tempo - mesmo porque, francamente, a maioria das pessoas não tem nem o saco nem a capacidade pra entender esses números e contas.
Gaia não precisa ser objeto de adoração - aliás, as fés monoteístas que dominam o mundo hoje provavelmente considerariam isso blasfemo -, mas a impressão que tenho é que não vamos vencer essa guerra se ela não for incorporada ao que as pessoas consideram sagrado. E rápido, de preferência.
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