Francês era um dos artistas contemporâneos mais tocados no mundo
Morreu nesta quarta-feira, 22, aos 97 anos, o compositor francês Henri Dutilleux. Muitos o definiram como um dos compositores mais tocados no mundo, um clássico moderno e um dos poucos a conseguir alcançar um público insensível à música contemporânea. As afirmações são corretas, mas é preciso acrescentar uma outra: ele era um peixe fora d’água na música francesa atual.
A maioria das encomendas-chaves de sua longa carreira de compositor, desde a primeira, nos anos 50 do século passado, veio dos EUA. Teve pouquíssimo apoio oficial em seu país.
O radical establishment contemporâneo comandado por Pierre Boulez e o Ircam jamais viu com bons olhos sua música acessível. O musicólogo Celestin Deliège diz que Dutilleux inverteu a equação normal de todo compositor jovem, que rejeita o passado e parte para o novo, só retornando aos poucos ao passado no decorrer de sua vida, até a maturidade plena. Formou-se no Conservatório de Paris nos anos 30, quando a tríade Bizet-Fauré-Ravel predominava, enquanto a geração pós-1945 cresceu sob as asas de outra tríade Berlioz-Debussy-Messiaen. Por aí já se vê que Dutilleux passou ao largo da Escola de Viena de Schoenberg, enquanto Boulez mergulhava nela de cabeça.
João Marcos Coelho - Especial para o Estadão.
Enviado por Eri Santos Castro.
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