A água cor de chocolate se agita sem direção aparente sob a luz do entardecer. As barcaças navegam corrente acima no Huangpu, o afluente do Yangtsé que corta Xangai. As bandeiras nacionais vermelhas ondulam sobre os edifícios neoclássicos do quebra-mar do Bund. As obras matraqueiam, o tráfego zumbe. A capital econômica e financeira da China se prepara em ritmo acelerado para realizar a Exposição Universal no ano que vem e ocupar seu turno nos televisores de todo o planeta, como fez Pequim no ano passado com os Jogos Olímpicos. O lema do grande evento: "Melhor cidade, melhor vida".
Xangai: sobre essa megalópole de 20 milhões de almas pesa uma grave ameaça: ser engolida pelas águas. Não vai acontecer amanhã, mas poderia ocorrer no futuro próximo se não tomarem medidas e não se frear a mudança climática. "Se a água subir, aumentaremos os muros", desdenha das previsões apocalípticas o orgulhoso ancião Yuan.
Mas sobre essa megalópole de 20 milhões de almas pesa uma grave ameaça: ser engolida pelas águas. Não vai acontecer amanhã, mas poderia ocorrer no futuro se não tomarem medidas e não se frear a mudança climática.
Inundações, secas, ondas de calor e graves tempestades de neve aumentaram de frequência no último meio século e serão cada vez mais comuns no Yangtsé, segundo o maior estudo realizado até hoje sobre as consequências do aumento das temperaturas na bacia desse rio, onde vivem 400 milhões de pessoas e onde se originam 40% do PIB chinês.
"A mudança climática tornará cidades costeiras como Xangai mais vulneráveis às elevações do nível do mar, a fenômenos climáticos extremos e desastres naturais ou induzidos pelo homem. Terá um grande impacto sobre sua segurança", afirma Ma Chaode, especialista da organização não-governamental WWF (Fundo Mundial para a Proteção da Natureza) e um dos dois principais coautores do relatório, que foi redigido por cerca de 20 pesquisadores, entre outros da Academia de Ciências chinesa e da Administração Meteorológica.
O estudo, divulgado em meados de novembro, afirma que as temperaturas médias na bacia, que ocupa uma superfície mais de três vezes maior que a Espanha, foram 0,33 grau mais altas na década de 1990, e a tendência está se acelerando. Entre 2001 e 2005 subiram 0,71 grau e nos próximos 50 anos poderão subir entre 1,5 e 2 graus, o que duplica o aquecimento previsto para todo o país.
"O nível do rio Suzhou [um dos que corta Xangai] subiu muito desde que eu era menino", diz Yuan Yulong, um morador de 77 anos, fazendo um gesto com a palma da mão a meio metro do solo. Yuan olha para o tributário do Huangpu e continua: "Cada vez faz mais calor. As geleiras estão derretendo".
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UOL NOTÍCIAS/EL PAÍS
Enviado por Eri Santos Castro.
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