Sarney vai pescar
À frente da presidência do Senado pela terceira vez e envolto em escândalos, o senador José Sarney já decidiu: quando encerrar sua carreira política — em 2015 — vai pescar. Abatido pela fragilidade física de seus 79 anos e pelas denúncias de, entre outras coisas, ter nomeado parentes em atos secretos e deixado de declarar ao TSE uma casa de R$ 4 milhões, José Sarney não vai mais enfrentar as urnas.— Acho que já dei a minha contribuição para o país e não sou candidato a nada. Nem posso, porque vou terminar o mandato aos 84 anos. Só quero ir para São Luís e pescar — anuncia o maranhense, que está longe de desfrutar a paz sonhada.
Os escândalos no Senado
Sarney também rebate as críticas aos escândalos no Senado, com atos secretos nomeando parentes e amigos e exonerando o neto João Fernando, que ganhava R$ 7.600, e até um ex-namorado da neta Maria Beatriz. Fora os R$ 3.800 de auxílio-moradia que recebia, mesmo com residência oficial.
— Isso é coisa de país de política subdesenvolvida — teoriza.
Sarney surpreende
Sarney é mesmo surpreendente. Tanto que afirma que o brasileiro sentiu pouco a inflação em seu governo (1985/90), que chegou a 1.972,91% em 1989:
— A inflação não era muito sentida porque havia correção monetária, reservas externas, grandes estoques de alimento, correção mensal dos salários e grandes programas sociais.
’Injustiças doem’
O economista Gilberto Braga, do Ibmec, discorda do senador:
— O Plano Cruzado, de 1986, queria acabar com a inflação por decreto. Houve desabastecimento sério e os produtos mais baratos sumiram. Os programas sociais dele nem têm registro nos estudos de economia.
Apesar das críticas, Sarney não tem mágoas. Nem das acusações de corrupção de seu sucessor — hoje aliado no Senado — Fernando Collor, em 1989:
— Olhe, eu nasci com absoluta incapacidade de ter ódio e não sou de guardar ressentimentos. As injustiças doem profundamente, mas o tempo faz com que sejam corrigidas.
Por Berenice Seara.
Enviado por Eri Santos Castro.
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