Doutora Dilma, chame Xi Jinping, por Elio Gaspar
Em setembro de 2012 houve um acidente de trem na cidade chinesa de Xian e o chefe do serviço de segurança do trabalho da região foi fotografado rindo. Em seguida, um blogueiro mostrou que o companheiro Yang Dacai tinha uma coleção de relógios, inclusive um patacão Constantin de 30 mil dólares.
Dacai foi demitido e mandado ao ostracismo. Construir ferrovias pode ser um bom negócio, mas cuidar dos seus contratos é um ofício mais lucrativo e menos trabalhoso. Na China, o mandarim que cuidava disso acabou na cadeia. Seu irmão, que faturara US$ 50 milhões em mimos, cumpre uma pena de 16 anos.
E em Pindorama? Salvo algumas boas experiências com a privatização da malha, o transporte ferroviário brasileiro é uma ruína pública e privada. Mesmo sabendo que a fama da burocracia chinesa está entre as piores do mundo, a doutora Dilma bem que poderia assinar um contrato de prestação de serviços com o presidente Xi Jinping, entregando-lhe a administração da moralidade dos trilhos nacionais.
O comissariado petista não inventou essas bocarras, apenas preservou-as. Em 1976 a Viúva comprou 68 locomotivas elétricas francesas por US$ 500 milhões. Nunca rodaram, viraram sucata e ninguém foi preso.
Parte da ferrovia Norte-Sul.
O repórter André Borges acaba de expor o descalabro da ferrovia Norte-Sul. É a sétima obra de transporte mais cara do planeta. Lançada em 1987, em tese ligaria o Pará ao Rio Grande do Sul. Só no governo de Lula essa linha comeu R$ 4,2 bilhões no trecho de Palmas (TO) a Anápolis (GO). Ela deveria ter sido entregue em 2008. A empreitada teve 17 aditivos e liga o nada a coisa nenhuma. Há nela túneis prontos sem malha e pastos no leito.
O Tribunal de Contas achou 280 quilômetros inacabados, porém considerados entregues. Isso e mais R$ 27 milhões superfaturados.
Por Elio Gaspari, O Globo.
Enviado por Eri Santos Castro.
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