Pra história o DISCURSO INAUGURAL, de Maria Clay Lago
Amigo, amiga Eu tomo emprestadas as palavras do meu amor para declarar aberto o nosso Instituto Jackson Lago.
Eu sei que ele adoraria saber que seu nome agora se materializou numa instituição.
Não pela vaidade de ver seu esforço de vida reconhecido.
Imagino que ele diria: quer dizer então que a luta continua?
E cabe a nós responder: Sim, a luta continua porque as causas a que
você Jackson dedicou a vida e nas quais consumiu sua saúde, essas
permanecem.
Os seus sonhos ainda são os nossos sonhos.
Sua indignação é a nossa indignação.
A dor dos desvalidos ainda nos assombra todos os dias.
A opressão política permanece viva e dolorosa.
Nosso estado continua a exibir as chagas dos indicadores sociais mais vergonhosos do país.
É por isso que eu declaro: nós vamos chorar, porque a dor da ausência é
profunda. Mas vamos também lutar, porque essa é a maneira de honrar a
memória de um lutador.
Não temos medo das nossas derrotas.
Eu faço minhas as palavras de um sábio, amigo querido, o nosso Darci Ribeiro. Disse ele: “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu"
Hoje, 4 de abril, faz um ano que Jackson partiu. Das cinzas da imensa tristeza nós estamos erguendo este Instituto.
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