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16 de ago. de 2010

Segundo pesquisa de instituto contratado pela Mirante, no início da campanha, Flávio conquistou 135 mil votos, Jackson 114 mil e Roseana apenas 8.500 votos

Na noite deste sábado (14 de agosto de 2010), foi divulgada a 2ª pesquisa ESCUTEC,
feita  para  o  jornal  O  Estado  do  Maranhão.  Os  números  completos  só  devem  ser
divulgados pelo instituto de pesquisa no início da semana, mas algumas observações
preliminares já podem ser feitas.

1)  É incorreta a afirmação d’O Estado do Maranhão de que a pesquisa “deixa
inalterada  a  disputa  pelo  governo”  (conforme  o  site  imirante.com:
http://imirante.globo.com/noticias/2010/08/14/pagina250729.shtml).

2)  Tal afirmação só faz sentido quando referida à pesquisa ESTIMULADA para
governador,  em  que  os  entrevistados  recebem  um  cartão  com  o  nome  dos
candidatos, sendo solicitados a informar em quem votariam naquele momento.

3)  Na pesquisa ESTIMULADA, os três principais candidatos permaneceram na
margem  de  erro  da  pesquisa  (3%),  sendo  que  Roseana  Sarney  (–  0,8%)  e
Jackson Lago (– 2,1%) tiveram variação negativa, enquanto Flávio Dino teve
variação positiva (+ 1,4%). 

4)  A  vantagem  de  Roseana  sobre  os  outros  dois,  que  em  julho  era  de  7,8%,
manteve-se praticamente a mesma em agosto (7,7%). Já o número de indecisos
aumentou, também dentro da margem de erro, saindo de 4,1% para cerca de
5,6% (o número exato ainda vai ser divulgado). 

5)  Contudo, as conclusões  são completamente  diferentes  quando  observamos  a
pesquisa ESPONTÂNEA, em que o eleitor cita seu candidato sem o estímulo de
cartão.  A  maior  parte  dos  analistas  políticos  concorda  que  a  pesquisa
ESPONTÂNEA  é  aquela  que  efetivamente  aponta  o  grau  de  decisão  (ou
indecisão) do eleitorado e seu nível de envolvimento com o processo eleitoral. 

6)  Dessa  forma,  os  números  da  pesquisa  ESPONTÂNEA  apresentados  pela
ESCUTEC fornecem um quadro bastante diferenciado, apontando importantes
alterações na disputa pelo governo estadual.

7)  Na  pesquisa  ESPONTÂNEA,  Roseana  Sarney  apresenta  mínima  variação
positiva  (de  apenas  0,2%),  enquanto  os  candidatos  do  campo  oposicionista
apresentam expressivas variações positivas, no limite ou além da margem de
erro da pesquisa: assim ocorre tanto com Jackson Lago (+ 2,7%), quanto com
Flávio Dino (+ 3,2%).

8)  Assim, na pesquisa ESPONTÂNEA, a vantagem de Roseana Sarney sobre os
outros dois candidatos, que em julho era de 10,6 %, caiu para 4,9 % em agosto, uma queda de 5,7 pontos percentuais, quase o dobro da margem de erro da
pesquisa. A vantagem de Roseana Sarney caiu em mais da metade.

9)  A conclusão é cristalina: apesar de ainda haver um grande número de indecisos
(32%), uma parte do eleitorado maranhense (indeciso em julho) já começou sim
a definir seu voto nas últimas 3 semanas (entre 25 de julho e 15 de agosto),
como  efeito  da  campanha  que  já  deslanchou,  OPTANDO  em  esmagadora
maioria pelo VOTO OPOSICIONISTA em Flávio Dino ou Jackson Lago. 

10) Esta é a ALTERAÇÃO mais significativa do quadro eleitoral apontado pela
pesquisa  ESCUTEC:  o  início  da  campanha  de  rua  aponta  um  crescimento
expressivo das intenções de voto nos candidatos de oposição, reafirmando mais
uma vez o que todas as pesquisas anteriores apontavam, a alta taxa de rejeição
da candidata filha da oligarquia e a tendência de realização de um 2º turno.

11) Se transformássemos, a partir da pesquisa ESPONTÂNEA da ESCUTEC, os
dados percentuais em números absolutos, teríamos o seguinte: nas últimas três
semanas, cerca de 6% do eleitorado definiu seu voto para governador, assim
dividindo-se, Flávio Dino conquistou cerca de 135 mil votos, Jackson Lago
angariou cerca de 114 mil votos, e Roseana Sarney apenas 8.500 votos. 

12) Ou seja, cerca de 96% dos eleitores que definiram seu voto a partir do início da
campanha OPTARAM pela OPOSIÇÃO, numa clara tendência de realização do
2º turno. Embora ainda não esteja claro quem passará para o 2º turno, se Jackson
Lago  (que  também  tem  alta  taxa  de  rejeição)  ou  Flávio  Dino  (ainda
desconhecido de boa parte do eleitorado), com leve vantagem deste último por
estar apresentando melhores variações positivas e ter baixa rejeição.

13) Para finalizar, nunca é demais lembrar que toda pesquisa registra apenas um
momento da campanha, e que as tendências atuais podem se confirmar (ou não),
a depender de inúmeras variáveis: 
a)  o início da campanha em rádio e tv, a partir de 17 de agosto (próxima 3ª feira); 
b)  as possíveis reformulações das estratégias eleitorais dos candidatos;
c)  as definições quanto à impugnação das candidaturas “ficha suja” pelo TSE;
d)  o peso da máquina política de clientelismo e compra de votos, assim como
abuso  de  poder  econômico  e  midiático,  que  bem  sabemos  é  utilizada  pela
oligarquia.

Por Wagner Cabral, professor do Departamento de História da UFMA.
Enviado por Eri Santos Castro.

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