passagem, ele se constroi um bom exemplar da raça humana.
Leia a sua intervenção, no Encontro de Pinheiro, no último final de semana.
"A não ser com as pessoas se comunicando livremente dizendo, umas às outras, o que pensam e refletindo em conjunto sobre o que sabem não é possível empreender avanços desses que volta e meia são indispensáveis para se mudar, e sempre para melhor, o rumo da história.
Vendo que não poderia ficar limitado à comunicação verbal, o homem inventou a escrita em símbolos marcados em pedras. A informação em meio estático, que não se movia, precisava da fala de cada um que a lia para transformar-se em mensagem adiante.
A caligrafia depois, permitindo a reprodução dos textos, ainda que em quantidade bem limitada, fez com que a informação se movesse, mas como só alcançava a poucos era um privilégio e assim também fonte de poder.
O conhecimento não podia, e àquelas alturas nem deveria, chegar a todos.
A religião se assenhoreou dos calígrafos e copistas e de sua produção. A Bíblia, por exemplo, só era acessível ao Papa e a alguns iluminados cardeais. A sua interpretação escorria nas bulas papais, que se diluíam em ordenamentos verbais indiscutíveis entre o restante na hierarquia do clero.
E era tudo em latim, o que já restringia bastante o acesso ao conhecimento.
O Século XVI registra o primeiro impacto da grande revolução, a partir da qual as pessoas se movem conquistando mais liberdades e descobrindo mais direitos, melhorando assim o mundo em que vivemos.
Quem não já ouviu falar em Martinho Lutero?
Mas poucos sabem sobre Leão X.
Lutero foi o clérigo que não entendendo algumas lógicas das bulas papais resolveu questioná-las, primeiro escrevendo à mão diretamente ao Vaticano, onde passou a não ser bem visto.
Lutero não desistiu nos questionamentos, ele não queria romper, estava apenas querendo entender algumas lógicas das bulas papais, mas os hierarcas continuaram o subestimando.
Leão X era o Papa, o Sumo Pontífice infalível, que não arredando de sua hermenêutica, não sabia que na Alemanha um ourives chamado Gutembergue acabara de inventar a imprensa, e que o primeiro livro saído de sua prensa foi exatamente a Bíblia.
MacLuhan diria que Gutemberg ao inventar a imprensa deu extensão ilimitada aos olhos e à fala da humanidade.
Claro que Lutero usou a nova invenção para dar maior alcance à difusão das suas idéias. Se não convenceu Leão X, mas atraiu para a sua lógica milhões e milhões de dissidentes do Vaticano.
O protestantismo, apesar das reações mais severas, ganhou corpo sendo considerado ainda hoje por muitos como um movimento moderno.
Sem a imprensa, a Reforma de Lutero não teria vencido.
Em termos numéricos não sei como Alvin Tofler classificaria essa onda.
Depois da imprensa, o código Morse, o telefone, o rádio, o cinema, a televisão, e agora a internet. Todos meios de comunicação, difundindo as mensagens, democratizando o conhecimento.
A produção e difusão da informação, enquanto privilegio de poucos, começa a se tornar acessível a muitos deixando, assim, de ser aquela inesgotável fonte de poder.
Manter um jornal em circulação ainda hoje não custa pouco dinheiro. Manter uma televisão funcionando custa muito dinheiro. Manter uma estação de radio no ar ainda custa algum dinheiro.
Tudo isso depende de patrocinadores, cada vez mais esses patrocínios são buscados no poder publico, e quando isso ocorre o resultado é uma aliança nefasta contra a verdade dos fatos, restando censura e manipulação política.
A sofisticação dos meios de comunicação e o encarecimento dos custos de produção, por conseqüência, tornaram ainda mais poderosos os donos dessas mídias na medida em que só eles conseguem manter suas engrenagens funcionando, em alianças, muitas delas espúrias, com o poder público.
O lucro que buscam é apenas o do capital político porque é com esse capital que, manipulando a verdade dos fatos, em redes de mentira única, apostando sempre na impunidade e no medo que impõem a muitos, seguram o poder estatal sem o qual não sobrevivem.
Em contraponto, começa agora a era da subversão dos blogs.
Blog, como explica Hugh Hewitt[1], é a contração da palavra inglesa weblog.
Log significa diário, aquele diário de bordo dos capitães dos navios ou dos comandantes dos aviões. Web é essa rede solta no espaço.
Lógico que nem todos os blogs têm emissões diárias, muitos ficam semanas no ar sem novidade alguma. Apesar da instantaneidade com que podem ser postados os textos, os blogs podem se distinguir quanto à periodicidade.
Há apenas 11 anos, portanto, em 1999, surgiu o primeiro blog. Calcula-se que mais de 5 milhões de blogs navegam hoje no cyber-espaço.
Hoje em dia qualquer um dentre nós para ser fotografo basta ter um celular e para ser editor de noticias ou de opinião basta ter um blog.
A tecnologia necessária para se manter um blog é grátis se comparado com a que os conglomerados de comunicação – jornais, rádio e TV precisam pagar.
No nosso caso, com 20 reais por ano podemos obter um domínio ponto com fora do Brasil, por exemplo, o que de algum modo resulta mais seguro. O resto, com qualquer note book você faz.
A amplificação dessa liberdade em guetos de atraso político e de pobrezas econômica e social, como no Estado onde vivemos, ainda depende muito da massificação das tecnologias de banda larga e de maior acesso popular ao computador.
Em parcerias com a iniciativa privada comprometida com o desenvolvimento, com envolvimento dos movimentos sociais e das entidades não governamentais será possível superar os obstáculos que ainda impedem que os blogs em sua função transformadora cheguem a qualquer hora à maioria das pessoas neste Estado.
Fora das nossas fronteiras já estamos sensibilizando simpatias e apoios à causa revolucionária, transformadora. A ferramenta eficaz nesse campo tem sido os blogs.
O blog é hoje a mídia que inspira maior confiança porque resulta da ação de pessoas que, bem intencionadas, não querem perder sua inocência, recusando-se à cumplicidade com os que conspurcam contra princípios morais e éticos, negando os fundamentos da República, impedindo os avanços da Democracia.
Nos blogs você confia. Pode discordar ou não, mas confia quando quer fazer um juízo de valor. O blogueiro é, por assim dizer, em regra, pessoa de pensamento independente.
(Tem as exceções, é verdade, naqueles que sendo empregados fazem de tudo, e ate se tornam craques em mentira, para não perderem o emprego.)
Mas no geral o blogueiro é um ser inocente, patriota, cidadão que, como a maioria do Povo, sonha por uma sociedade mais justa e progressista. Não usa disfarces e assume, corajosamente, em suas tendências.
Na língua portuguesa há a palavra – subversão, por conta da qual muita gente penou, inclusive eu, sob a ditadura militar ao ser tachado de subversivo.
Segundo o Dicionário Houaiss, subversivo é aquele que prega ou executa atos visando à transformação ou derrubada da ordem estabelecida.
O que nós pregamos e o que queremos?
Queremos derrubar pelos meios pacíficos disponíveis o anacronismo político que por décadas seguidas nos impõem o atraso social e econômico através de modelos arcaicos de administração.
Neste contexto, somos, sim, subversivos. Neste contexto, o blog é um indispensável instrumento à luta subversiva!
Vamos acelerar a subversão."
Palestra no II Encontro dos Blogueiros do Maranhão, em Pinheiro, em 20.03.10.
Fto: Felipe Klamt.
Enviado por Eri Santos Castro.
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