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4 de out. de 2007

Temos que popularizar o acesso à internet


Ao longo do último ano, quatro países se comprometeram a comprar um milhão de computadores populares do projeto americano One Laptop Per Child. Entre eles, o Brasil, a Argentina, a Nigéria e a Tailândia. Foram compromissos de aperto de mão sem qualquer papel assinado. O nosso País acaba de adiar a assinatura do cheque por mais uns meses. Têm dúvidas.Enquanto isso, o miúdo computadorzinho verde e branco está pronto. O XO – como se chama o laptop – ficou uma beleza. Esta pequena maravilha tecnológica parece um brinquedo mas é um portento de engenharia, uma obra de arte. Tão elegante, tão bem desenhado, que consome quase nada de energia. Painéis solares o recarregam, mas também pode ser eletricidade produzida com a virada de uma manivela. (Ligar na tomada também funciona.)Além de tudo, é miúdo. Pode ser carregado com conforto. Vira um ebook, um livro eletrônico, com facilidade. A tela tem resolução o suficiente para deixar a leitura confortável então, com alguns arquivos de livros digitais lá dentro, a garotada pode fazer dele uma pequena biblioteca.O preço do computador, nesta fase de testes, é que vem crescendo paulatinamente. O que seria o computador de US$ 100 termina com uma etiqueta de US$ 188 colada em seu elegante corpinho. Não deu para fazer por menos - embora, com a produção em massa, o preço provavelmente cairá. Mas, para que venha a produção em massa, falta que Brasil, Argentina, Tailândia e Nigéria cumpram seu acordo de comprar um milhão de unidades cada.É que está todo mundo com medo de gastar esta dinheirama e correr o risco de o projeto dar errado. Bem, certamente que é um risco como com qualquer investimento em tecnologia. Confunde, também, o fato de que há mais projetos de computadores populares por aí. Verdade: mas comprar um milhão de XOs não impede de comprar um milhão doutra marca.A questão é de princípio. As crianças das escolas públicas brasileiras precisam de computadores agora. Elas não os têm em casa. Se ficar para o ano que vem, serão outras crianças que ganharão estas maquininhas. Uma geração será perdida. É preciso começar imediatamente o projeto da digitalização das escolas públicas.As experiências com estes laptops, no Brasil, mostram o que é evidente para quem já viu criança com computador na mão. Os meninos e meninas aprendem rápido a usar as máquinas e aquilo que um aprende logo, logo se dissemina pela turma toda. Os livros didáticos são de má qualidade no País. Mas a internet oferece um amplo universo de possibilidades.Não é apenas permitir às crianças de escolas públicas acesso a tecnologia digital. É permitir, também, que elas tenham à mão informação a respeito de tudo que podem vir a estudar - e qualquer outra coisa que lhes interessa. É possibilitar, na outra ponta, quando se formarem, ou mesmo quando deixarem a escola sem se formar, uma gama mais ampla de empregos. É construir um País melhor.Então, que tipo de risco há de fato em comprar uma máquina nova? Elas podem apresentar um defeito ou outro, claro. Computadores normais seriam muito mais caros de qualquer jeito. Esta é daquelas apostas que não deixam escolha. É fechar os olhos, olhar para a frente e dar o passo. É hora.

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